XI Mostra de Performance

Texto curatorial da XI Mostra de Performance

A XI Mostra de Performance: Imagem e Distopia inaugura a sua segunda década de existência e de atuação como evento acadêmico (virtual) voltado para a arte do corpo e da imagem para pensar formas de ações apresentadas sob o formato de vídeoperformance, fotoperformance e teleperformance. O evento propõe intervenções virtuais que problematize o “estado de distopia” o qual estamos vivendo. Em sua segunda edição em modo virtual, a XI Mostra de Performance pretende ampliar os espaços de atuação de artistas, performers, movimentos insurgentes, coletivos artísticos e sobretudo a arte negra e indígena contemporânea.

O evento será composto por: exposição, palestras e conferências de pesquisadores convidados, giro de conversa com artistas integrantes da Mostra e lançamento do catálogo da mostra anterior. O local da sua realização se dará em plataforma virtual ZOOM, e transmitida pelo YOUTUBE no período de 22 a 24/11/2021.


ARGUMENTO

Tomando como base os discursos das duas últimas aulas magnas de abertura dos semestres da UFBA, 2020.2 (SSL), proferida pelo ativista indígena Ailton Krenak, intitulada “De Mal a Pior” e a de 2021.1 proferida pela Prof. Heloísa Starling (UFMG), “O Brasil como Distopia”, a XI Mostra de Performance busca ampliar as áreas de discussão destas temáticas e provocar o artista a refletir arte de ação e performance como manifestação de valores sociais “contra-utópicos” como caminhos abertos para viver o presente e desconstruir a versão corrompida do “futuro que virá”. A versão distorcida, “Brasil o País do Futuro”, de “um futuro que nunca chega”, da “esperança incerta” e da ideológica “promessa de felicidade que um dia virá”.

A XI Mostra de Performance propõe um discurso poético, político, crítico e geo-artístico como ponto de partida para que possamos mudar o presente “momento que o país perde a sua alma”, perde o seu poder de emancipação. O que se mostra é o abismo do desconhecido, frustrando a promessa da felicidade utópica.


QUESTÃO

Porque as narrativas distópicas na arte da performance pode ser uma advertência ao perspecticídio que sociedade brasileira ver se formando debaixo do seu nariz?

Dentro desse segmento, a Mostra de Performance em suas edições anteriores conduziu suas questões adotando o pensamento SANKOFA, tradição africana negra, como estratégia para refletir sobre o passado, pensar o presente e projetar o futuro. Questões que continuamos perseguindo fundamentando-se a cada dia nas diversas áreas que transitamos. Inspirados por Rubens Fonseca, citado por Heloísa Starling que diz: “[...] deixamos de olhar para o passado e enfrentar o que lá existe na nossa fundação por um processo escravista, historicamente violento e desigual”, então acreditamos que é preciso um ajuste de contas com a história para enfrentar o nosso presente. Heloísa continua em sua conferência, citando Milor Fernandes chama atenção que: “[...] o Brasil tem um enorme passado pela frente.” A partir dessas premissas ressaltamos a proposta deste evento como lugar de construção de conhecimento para questionar o “estado de distopia” que atinge de forma mais dura a comunidade preta e indígena, como vítimas do extermínio e da violência.

Seguindo essa direção, o ativista Ailton Krenak reclama os crimes ecológicos sustentados pelo poder político, dentre elas o que afetou diretamente o território indígena KRENAK e a continuidade do descaso a história social de formação do Brasil, diz ele: “O que está na base da nossa história, que continua incapaz de acolher os seus habitantes originais [...] é a ideia de os índios contribuírem para o sucesso de exaustão da natureza. O Watu, esse rio que sustentou as nossas vidas à margem do rio Doce [...] está coberto por um material tóxico que desceu de uma barragem de contenção de resíduos, o que nos deixou órfãos e acompanhando o rio em coma, esse crime, que não pode ser chamado de acidente nos colocou na real condição de um mundo que acabou”.

Nesse sentido de discussão e reflexão, embasados por estas realidades manifestadas pelos autores acima e atento ao estado de distopia que o Brasil vive, a XI Mostra de Performance, oportunamente vem convocar à comunidade artística a integrar-se a este evento, apresentando suas obras e problematizar o agora, que é onde temos que agir para defender o futuro. E, garantir a universidade pública como lugar de resistência e viabilizadora de ações educativas para mudar o presente?

E, para não perder o otimismo, inspirado no passado, na memória das insurgências sociais, cito uma das frases espalhadas na Cidade da Bahia pela Conjuração Baiana (Revolta dos Alfaiates 1798/1799): “Animai-vos povo baiano que está para chegar o tempo feliz da nossa liberdade: o tempo que seremos todos irmãos, o tempo que seremos todos iguais”.

Em modelo exclusivamente virtual, indispensável no contexto atual, onde o isolamento social se faz necessário pelo estado de pandemia instaurado. Entender uma mostra de performance nesse modelo iria de encontro com os princípios fundamentais que estão embasados a performance art. E, que historicamente o corpo presente do artista como sujeito e objeto de sua criação seria o ponto indispensável para a instauração da performance, mas sobretudo para viver o hoje, o agora. Nesse âmbito o que propomos é um evento composto com trabalhos artísticos onde a imagem e a virtualidade do corpo em performance como corpo político em tele-presença, potencializados e expandidos nas redes virtuais, provoque questões, abra outros espaços, ocupe lugares e se faça presente, resista ao distanciamento e promova possíveis interações com outros corpos.

O evento tem como objetivo: abrir espaço para apresentações artísticas de performance virtuais ao vivo; expor trabalhos artísticos em fotoperformances e videoperformances em galeria virtual; fomentar discussões sobre arte de ação, arte contemporânea e performance art; realizar mesas de discussões, rodas de conversas, conferências e debates sobre o papel da arte e do artista contemporâneo e suas implicações sociais políticas e culturais; articular o tema proposto: Imagem e distopia e assim estabelecer os cruzamentos com o discurso poético, visual, performativo, político e geo-artístico.


CURADORIA

O perfil do evento, neste caso, evento artístico virtual, entende que os princípios curatoriais na seleção dos trabalhos inscritos, serão construídos de forma dinâmica e flexível, analisando a coerência com o tema sugerido, levando em consideração o estado de pandemia e isolamento social e o estado de distopia que vive o Brasil.

O método a ser empregado prever uma ação conjunta e colaborativa do corpo curatorial, objetivando selecionar as obras de maior relevância poética, impactos sociais e originalidade estética e conceitual que apresentem em seu discurso, reflexões críticas implicadas com a problemática da violência e da destruição das reservas ambientais que agride a dignidade humana, e ameaça o futuro.

A XI MOSTRA DE PERFORMANCE NEGRINDIOS - IMAGEM E DISTOPIA se trata de um evento virtual aberto ao público externo à UFBA, especificamente artistas visuais, performers, dançarinos, atores, músicos e artistas de um modo geral. A Mostra será composta por: exposição de fotoperformances, vídeosperformances e teleperformances; palestras e conferências de pesquisadores convidados, giro de conversa com artistas integrantes da Mostra. O local da sua realização se dará em plataforma virtual no período de 22 a 24 de novembro de 2021 e deverá ser transmitida ao vivo nas redes sociais como Facebook e YouTube.

Programação

22/11 Segunda-feira

18h00min

Mesa de Abertura


Pronunciamento da diretora da Escola de Belas Artes Prof. Drª Nanci Santos Novais

Mesa Temática: Negrindixs: Imagem e Distopia


Palestrantes:

Sol de Maria (UEPA) - Corpo-Tempo Consumido Consumido(r): Performance e a Invisibilidade do Outro;

Zeca Ligiero (UNIRIO) -Teatro de Operações: imagem e performance da conquista e da destruição do Outro;

Ericky Nakanome (UFAM) - Amazônia: Nossa Luta em Poesia

Mediação: Ricardo Biriba (UFBA) e Wagner Lacerda (UFBA)


20h:00min

Exibição de Filmes (conversa com os diretores)


Kaapora (Olinda Yawar Tupinambá)

Maré (Lau Santos)


21h00min

Abertura da Galeria Virtual de FotoPerformances: Negrindixs: Imagem e Distopia


1. Aguardando o Dia - Alessandro Malpasso

2. Fragile - Cristiane Peres

3. Prece - Diego Lopez Martinez

4. Um Patriota Sombrio - Fernando Bernardes

5. Abrigo - Francisco Aurélio de Sousa

6. Mulher em Movimento - Henna Melo

7. Pausa na Escuridão - Isadora Falcão

8. Kruarã - João Carlos dos Santos

9. Bença - Josi Tainá Pinto de Oliveira

10. Entre o Narciso e o Abismo - Lara de Oliveira

11. Mu-Dança - Léa Cunha

12. braZIL - Leandro Sousa Alves

13. Fetiche em Plástico - Lucas Antônio Bebiano

14. Renascença - Lucas Ribeiro

15. Mulher é Poder - Lucejane Batista

16. Elugum - Mapô

17. Porta - Nathália Chiemi

18. Vil - Noah Madrine

19. Espectar - Paula Brito

20. Encruzas Rosas e Encantarias - Saulo Calixto

21. Ex-Vaziar - Silvania Cerqueira

22. Minhas Lágrimas Ricocheteiam - Victor Costa Sacramento

23. Defumação ou ação para a reconstrução - Waleff Dias Caridade

24. Utensílios para Fuga e/ou Cura - Yasmin Nogueira

23/11 Terça-feira

18h00min

Apresentação VideoPerformances


1. 521 Anos_Siia Ara - Adanilo Reis da Costa

2. Só Ame - Alba Vieira e Oneno Morais

3. Importuno - Amélia Sampaio

4. Nengua Kalunga - Andréia Oliveira e Berg Kardy

5. Sagrado Coração - Antônio Pulquério

6. Iniko - Assaggi Piá e Liz

7. Terrosa Bixa Barranqueira - Augusto Henrique Lopes

8. Rito de Morte - Cia Vitória Régia

9. Território Inventado - Cristiane da Sá

10. Bicho - Felipe Rocha Bittencourt

11. Agricultoras de Si e do Mundo - Geisa Lima dos Santos

12. Botocudos - Gilberto Júnior

13. Era de Kça II - Jota Ramos

14. Como se Despir - Juliana Oliveira

15. Mu.Dança - Leá Cunha


Pausa de 10 min - Fique em pé, caminhe um pouco, alongue o corpo, os braços, o pescoço, as pernas... Vá à cozinha, beba água, chá e volte de coração aberto)


16. Pás_Sará - Leda Ornelas

17. Ma Mona - Luiz Marcelo

18. Ex-Tinto - Rodrigo Augusto

19. Quem tem Coragem - Theuse Luz de Pavuna

20.Quarar - Rodrigo Casteleira

21. O Deus Verme - Victor Henrique Carvalho

22. DiKenga - Victor Luis Medeiros

Mostra Especial

23. Via Sacra - Amélia Conrado, Margarete Conrado, José Leão, Ricardo Biriba

24. Distópicos e Cia: Rita Braz, Wagner Lacerda e Ricardo Biriba

25. Séthico - Wagner Montenegro

26. Cunhã - Xuruyu Gonçalves de Castro

27. Pindorama, Terra das Palmeiras: Zahra Alencar Matias

24/11 Quarta-feira

18h00min

Chão de Artistas


Conversa com todos os artistas integrantes da XI Mostra de Performance

Será enviado Link da Plataforma ZOOM para participar da roda de conversa - onde

cada artista terá 3 min para falar do seu trabalho.


19h30min

Apresentação Tele Performances


Rastros de Diógenes - Diógenes Magno

Bichos Convivem - Eduardo Santana

Àra - Grupo Afeto - Ciane Fernandes (diretora)